A Morte da Rainha e a Shemitá
A morte da Rainha da Inglaterra Elizabeth II, em 8 de setembro de 2022, delimita o fim de uma era da monarquia inglesa. Mais que isso, é um marco na História da humanidade, um evento que atrai a atenção de todas as nações. O fato de sua morte ocorrer apenas a alguns dias do término do presente ano de shemitá não é mero acaso. Conforme ocorre ao longo da História, a transição de um ciclo de shemitá para outro é normalmente pontuada por sinais que afetam não somente Israel, mas o mundo inteiro. Vamos examinar a relação da morte da rainha e a shemitá que ora se encerra, buscando compreender o presente cenário no mundo para o próximo ciclo de sete anos que começa em Rosh HaShaná, início do ano novo judaico.
A SERVA RAINHA
Para compreendermos a relação entre a morte da rainha e a shemitá, é preciso abordar antes a relevância de sua imagem para o mundo bem como o que representa espiritualmente. Há personagens que se tornam mais famosos e reconhecidos após a morte. Este definitivamente não é o caso da Rainha Elizabeth II, conhecida e reverenciada em todas as nações e em todas as culturas, no Ocidente e no Oriente.
Não obstante ser da realeza, desde cedo, Elizabeth II demonstrou espírito de serviço e compromisso para com seu país. Durante a Segunda Guerra, solicitou permissão a seu pai, o Rei George VI, para se juntar ao exército britânico e ajudar no esforço de guerra de seu povo. O rei resistiu até consentir, porém, advertiu-a de que não gozaria de nenhuma proteção da coroa para isso. Em outras palavras, não haveria tratamento especial por ser da família real. Ela aceitou prontamente a condição e ingressou no serviço militar, aos 18 anos de idade, formando-se em mecânica de motores automobilísticos, especializando-se na manutenção de veículos militares e aprendendo a dirigi-los, incluindo caminhão. Foi a primeira e única mulher da realeza a servir as forças armadas de seu país, permanecendo até o fim da guerra na Europa, em 1945.
As dificuldades enfrentadas na guerra bem como a maturidade adquirida no serviço militar contribuíram para compensar a inexperiência que tinha ao assumir o trono ainda bem jovem, aos 25 anos. Ao longo de sua vida pública, como líder monarca da Inglaterra e dos países da Commonwealth, enfrentou grandes desafios e ameaças que pontuaram o mundo nos séculos XX e XXI, atuando sempre de modo discreto e como um ponto de equilíbrio nos assuntos internos e externos do país. Durante seus setenta anos de reinado, fez mais de 260 visitas oficiais a pelo menos 117 diferentes países, tendo sido nomeada chefe de estado de 32 deles. Seu rosto, o mais conhecido na face da Terra, aparece em selos e notas de dinheiro não somente na Grã-Bretanha, mas em pelo menos quinze outros países, incluindo Canadá, Austrália e Nova Zelândia.[1]
Sua liderança mundial é indiscutível e a retórica conhecida de que a rainha não passa de uma figura alegórica não resiste a nenhuma análise séria por historiadores. Sua participação discreta nos assuntos de grande interesse para o mundo sempre marcou seu reinado, como na distensão da crise do Canal de Suez, em 1956, por exemplo. Há, porém, um lado menos conhecido da rainha que trata de sua fé cristã e seu relacionamento com Deus. Foi com intuito de disseminar tal assunto que a Sociedade Bíblica de Londres lançou em 2016 um livro intitulado The Servant Queen and The King she serves (A Serva Rainha e o Rei que Ela Serve), com prefácio escrito por ela.
O livro é uma coletânea de frases extraídas de discursos que fez ao longo de sua vida que demonstram sua fé e inspiraram muitos à sua volta. “Sei o quanto conto com a minha fé para guiar-me nos bons e maus tempos. Cada dia é um novo começo. Sei que o único caminho para viver a minha vida é tentar fazer o que é certo (…) e pôr minha confiança em Deus (…). Eu tiro forças da mensagem de esperança do Evangelho”.[2] O arcebispo de York, Stephen Cottrell, escreveu a seu respeito: “A rainha não se envergonhava de falar de sua fé, da esperança e da força que encontrava em Jesus Cristo. Está no âmago das boas novas de Deus que, por meio da morte e ressurreição de seu filho Jesus, a promessa de uma vida nova e eterna é oferecida a todos nós. Essa crença e essa esperança sustentaram nossa rainha”.[3]
O maior evangelista de todos os tempos, Billy Graham, também teve um relacionamento próximo da rainha e menciona isso em sua autobiografia Just as I am. Ele conta que, mesmo sendo a chefe da igreja anglicana, sem poder apoiar publicamente seu ministério, ela o convidou diversas vezes para pregar para a família real em Windsor e Sandringham, ocasiões em que foi muito bem recebido por ela e quando conversaram sobre o Evangelho. Ele menciona que seu apoio silencioso foi importante para suas cruzadas evangelísticas no país.[4]
Poucos sabem que a rainha também era amiga de Israel e demonstrou profundo amor e solidariedade aos sobreviventes do Holocausto, tendo recebido muitos deles em seu palácio e condecorado outros. A seus visitantes, mostrava orgulhosa uma cópia de um rolo da Torá resgatada da Tchecoslováquia durante o Holocausto. Sua morte está sendo profundamente lamentada pelos cidadãos judeus de toda a Commonwealth.
SINAIS DO ALTO
O reinado e a morte da Rainha Elizabeth foram marcados por alguns sinais proféticos que parecem ser uma mensagem para o mundo atual ao término da presente shemitá. Embora tenha assumido o trono em 1952, o dia de sua coroação foi em 2 de junho de 1953, doze dias após a Festa de Pentecostes que celebra a Torá e a colheita do trigo em Israel. É a festa que coincide com o derramar do Espírito Santo sobre os discípulos de Yeshua e aponta para o cumprimento da grande comissão que se iniciou nesse dia e se estenderá até o retorno do Senhor. Sua morte ocorreu no dia 12 de Elul, a dezessete dias da Festa de Rosh HaShaná que finaliza o presente ano de shemitá, iniciando um novo ciclo de sete anos (2022-2029).
Rosh HaShaná também é conhecido como o Dia do Juízo e marca o início das Festas do Outono que apontam profeticamente para a vinda do Messias.[5] O reinado de Elizabeth II durou exatamente setenta anos — maior tempo de reinado de um monarca inglês — e a associação com as setenta semanas de Daniel é inevitável. Neste artigo, verificamos que essas semanas de anos são dez ciclos de shemitá (10 x 7 anos). Portanto, sua coroação se iniciou próximo à última das Festas da Primavera (Pentecostes), que marca o início da colheita espiritual no Reino de Deus, e terminou próximo a Rosh HaShaná que aponta para o término da colheita e para a volta de Yeshua, exatamente no final de um ano de shemitá, após dez ciclos de shemitá. Além disso, a data de sua morte se deu em pleno mês de Elul, dedicado à Teshuvá, um tempo de arrependimento antes que venha o juízo divino. Nada disso parece ser mera coincidência.
Outros dois sinais relevantes também ocorreram na presente shemitá. No dia 6 de fevereiro de 2022, data de aniversário de 70 anos de quando Elizabeth II assumiu o trono, um belo arco-íris surgiu sobre o castelo de Sandringham, exato lugar onde morreu o Rei George VI, seu pai, há sete décadas.[6] No dia 8 de setembro de 2022, data de sua morte, outro belo e duplo arco-íris surgiu sobre o castelo de Buckingham, residência oficial da rainha.[7] O arco-íris é o símbolo da aliança de Deus com o homem. Sua aparição sobre os dois palácios nos dias exatos do início e fim de seu reinado é uma nítida amostra da aliança do Rei dos reis com sua serva rainha.
O MISTÉRIO DA SHEMITÁ
Por se tratar de uma personalidade universal e de uma pessoa tão especial, a morte da Rainha Elizabeth II, em um tempo tão significativo como o fim de uma shemitá, representa não apenas o fim de uma era para o mundo, mas um sinal de mudança e um aviso sobre a volta do Messias. No artigo que postamos no início deste ano, A Shemitá e os Sinais do Fim, vimos que cada início de ciclo de sete anos, logo após o término de uma shemitá, é marcado por acontecimentos que afetam o mundo inteiro.
Eventos como crises financeiras mundiais, normalmente originadas por forte queda nas bolsas de valores, costumam ocorrer nessa época. Isso está demonstrado ao longo da História e é o mistério envolvido em uma shemitá. Está ligado não apenas a Israel, mas às demais nações. Portanto, ao nos aproximarmos do fim do atual ano de shemitá, podemos e devemos nos preparar para acontecimentos desse tipo que podem marcar o mundo no próximo ciclo, em especial no primeiro ano que vai de setembro de 2022 a setembro de 2023 (coincidente com o ano judaico de 5783).
A atual conjuntura do mundo pós-pandemia não é das mais promissoras. Há algumas ameaças que se apresentam no horizonte que podem causar sérios danos à humanidade, agravando os problemas já enfrentados atualmente. Observemos que, nos últimos dois anos, a cadeia de produção industrial e a cadeia logística de muitos tipos de suprimentos foram altamente prejudicadas pela paralisação parcial, ou total em alguns casos, de suas atividades, o que causou muito desemprego e desabastecimento, gerando inflação, bem como falta de acesso a bens e serviços em todo o mundo.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro, iniciou um conflito sem previsão de término e agravou a crise de alimentos, levando a uma escalada de preços, punindo as classes menos favorecidas socialmente no Oriente Médio, Ásia Central e África. Quanto mais se estende o conflito, mais se acentua a crise. Além da produção de grãos que foi prejudicada em ambos os países envolvidos, a Rússia que é o maior produtor de fertilizantes interrompeu seu fornecimento para vários países produtores de alimentos, reduzindo ainda mais a oferta.
O preço do barril de petróleo que já estava alto antes do conflito Rússia x Ucrânia permaneceu elevado, mantendo a inflação em um alto patamar. A Europa é dependente em grande parte do gás natural produzido na Rússia e enviado para o continente por gasoduto. Em retaliação às sanções econômicas impostas pelo Ocidente em virtude da invasão da Ucrânia, a Rússia ameaça deixar de fornecer gás para a Europa. À medida que o inverno europeu se aproxima, isso pode gerar uma crise energética sem precedentes e tem um elevado potencial de deflagrar uma guerra generalizada pelo continente. No Oriente Médio, o Irã, em sua busca desenfreada por armas nucleares, ameaça abertamente atacar Israel. Um confronto entre os dois países também tem potencial para virar uma guerra mundial com participação de outras potências.
Esses são apenas alguns cenários que, isolados ou juntos, podem também desencadear uma crise financeira de proporções enormes, derrubando as bolsas de valores e abalando todas as economias do mundo. Como discutimos em nosso último artigo Como o Ladrão de Noite, precisamos saber discernir e interpretar os tempos em que vivemos. Isso será vital para atravessarmos com sabedoria os tempos do fim em que já nos encontramos, a fim de estarmos prontos quando o Messias voltar. O Senhor nos exortou não somente a orar, mas a vigiar atentamente para não sermos surpreendidos por todas essas coisas.
Diante desses possíveis cenários, a morte da Rainha Elizabeth II no final da shemitá é certamente um sinal do céu para o que poderá vir a seguir. E soa como uma senha para nos prepararmos e nos achegarmos mais ainda a Deus. Não precisamos temer, pois Ele possui o controle do universo em suas mãos e conhece os que são seus.
“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares.” Salmos 46:1,2
[1] Queen Elizabeth II’s Successor Will Have to Adapt While Protecting the Monarchy (foreignpolicy.com)
[2] Mark Greene. The Servant Queen and the King She Serves, (Londres: Christian Publishing and Outreach, 2016), p.6.
[3] Queen Elizabeth II: Tributes from Church of England Bishops | The Church of England
[4] Billy Graham’s Past Reflections on the Queen
[5] As Festas de Outono são analisadas detalhadamente no volume 2 de A Oliveira Natural, com publicação prevista ainda para 2022.
[6] Royal expert thinks rainbow over Sandringham could be a signal to Queen Elizabeth (geo.tv)
[7] Double rainbow over Buckingham Palace after death of Queen Elizabeth II: A ‘lasting symbol’ | Fox News
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Muito bom! Realmente a morte da Rainha Elizabeth não foi mera coincidência. Que o Senhor venha.
Amém, Marcia! Shalom!
Impactante… tudo faz muito sentido. Eu sempre gostei de estudar o assunto, não sabia desses fatos da vida da rainha… Jesus está às portas mesmo… Está correndo na Internet um esperado evento para o dia 24 de setembro, anunciado por um político alemão, quem sabe não tem ligação?
Prezada Arilda,
Saberemos se há alguma ligação logo adiante. Há uma orquestração mundial para preparar o cenário para o anticristo que surgirá em cena mais cedo ou mais tarde. Não é teoria da conspiração, mas é o que nos diz as Escrituras. Precisamos estar atentos e vigilantes. Shalom!