O Milagre de Hanukkah

O Milagre de Hanukkah

10 de Dezembro, 2023 0 Por Getúlio Cidade

Hanukkah, a Festa das Luzes, celebra a vitória dos bravos Macabeus contra o império selêucida. Após uma renhida luta de quase três anos, o improvável aconteceu. Um número bem inferior de sacerdotes, homens não preparados para a guerra, venceu um exército muito superior em número e qualidade. Foi a vitória da fé e, por si só, um milagre. Entretanto, o milagre de Hanukkah é uma referência à multiplicação do azeite da menorá que durou oito dias, em vez de um, após a reconquista e dedicação do Templo.

Na verdade, a própria existência de Israel como nação hoje é um autêntico milagre, especialmente após a formação do Estado novo em 1948. Por inúmeras vezes, desde tempos imemoriais, seu povo foi cercado por inimigos (e ainda é) que se uniram a fim de o destruírem. Em todas elas, Deus se mostrou forte para com a semente de Abraão, operando livramento de uma ou de outra forma.

Vejamos, por exemplo, a Guerra dos Seis Dias (Milchemet Sheshet HaYamim) em 1967. Sofrendo múltiplos ataques de países que o cercavam, com grande probabilidade de ser massacrado, o Estado judeu não só derrotou seus inimigos, mas ainda conseguiu mais que dobrar seu território em menos de uma semana. A propósito, a Guerra dos Seis Dias não pode ser estudada do ponto de vista militar, tendo em vista ser uma grande exceção à regra no que se refere a combates aeroterrestres.

Se fôssemos focar nos conflitos militares desde os tempos bíblicos como, por exemplo, a guerra contra os filisteus inaugurada pelo épico combate entre Davi e Golias, poderíamos escrever um livro tentando explicar o inexplicável, pois milagres não se explicam. E o que dizer da vitória de Gideão e seu exército de 300 homens contra dezenas de milhares de midianitas? O milagre da vitória dos Macabeus contra o exército greco-sírio é tão grande como tantas outras vitórias conquistadas por Israel em sua história. Talvez por isso, o milagre de Hanukkah foque apenas em algo que nada tem a ver com o combate físico.

A multiplicação do óleo que fez a menorá ficar acesa por oito dias consecutivos parece ser um milagre único na história de Israel. Uma vez que o azeite na Bíblia representa o Espírito Santo, o milagre de Hanukkah nos ensina muita coisa. Se buscarmos dentro de nós seu Espírito, ainda que nossa lâmpada esteja tênue e quase se apagando, Ele é capaz de multiplicar sua unção e nos incendiar por seu poder e sua Palavra, tornando nossa luz forte e vivaz. É sobre esses milagres únicos na história de judeus comuns e desconhecidos que quero focar até o fim deste texto. São milagres tão maravilhosos como o famoso milagre de Hanukkah e, justamente por ocorrerem próximos ou durante a Festa, podem ser classificados como outros milagres de Hanukkah.

UM CORAJOSO ATO DE FÉ

O rabino norte-americano Jason Sobel conta uma história de Hanukkah incrível ocorrida no início da Segunda Guerra Mundial. Por ter perdido vários familiares no Holocausto, essa é uma história que lhe é muito estimada. Ele conta que um judeu, encarregado dos cânticos em uma sinagoga local, conseguira obter documentos falsos para si e sua família a fim de fugir da perseguição nazista na Alemanha. Eles pegaram um trem para atravessar a fronteira e, quando estavam prestes a cruzá-la, uma parada foi feita para verificação de documentos pelos guardas nazistas. O cantor da sinagoga e sua família ficaram naturalmente preocupados porque portavam documentos falsos e sabiam que, se fossem descobertos, seriam mortos.

De repente, todo o trem ficou sem energia elétrica. Num impulso inexplicável, o pai de família pegou uma menorá em sua bagagem, pôs as velas no lugar, recitou a bênção de acendimento das velas, acendeu-as uma a uma e a pôs na janela do trem para que qualquer um pudesse vê-la iluminada. Sua família, assustada para dizer qualquer palavra, pensou que ele houvesse enlouquecido. Era a última noite de Hanukkah.

Imagem: Pinterest

Ouviu-se uma batida na porta da cabine; eram os guardas nazistas. Um deles lhe disse: “Você é uma pessoa muito sábia por trazer velas de viagem para emergência. Podemos usar seu candelabro para verificar os documentos das pessoas?”. Eles, então, usaram a menorá para verificar a documentação de todos os passageiros, deixando de verificar apenas a do judeu e de sua família. Em seguida, o trem foi liberado e eles cruzaram a fronteira alemã rumo à liberdade.

Aquele zeloso judeu se voltou para seus familiares e disse: “Vocês acabaram de testemunhar um milagre de Hanukkah dos tempos modernos. Nunca esqueçam disso”. Tirar a menorá da bagagem e iluminá-la foi um corajoso ato de fé que abriu caminho para um novo milagre de Hanukkah. Ao fazê-lo, aquele homem se igualou aos intrépidos Macabeus em sua cruzada de fé. Ele queria não apenas que seus filhos experimentassem o poder de Deus, mas também que nunca desistissem de sua fé nem perdessem a esperança, assim como os Macabeus. Segundo as palavras do rabino Sobel, você pode viver sem comida ou água por um tempo, mas não pode viver sem fé nem esperança.[1]

PROTEÇÃO MILAGROSA

Recentemente, na atual guerra entre Israel e Hamas, alguns livramentos milagrosos têm ocorrido. Embora não se saiba deles pela mídia convencional internacional que mais se preocupa em atacar Israel e distorcer fatos, tais livramentos mostram que o mesmo Deus que protegeu os Macabeus contra um exército poderoso continua a proteger os que se apegam a Ele hoje. Quero relatar dois eventos recentes de livramento de morte de soldados em combate, ligadas diretamente à Palavra de Deus, fisicamente falando.

O primeiro deles se refere a um herói em combate, Tenente-Coronel Guy Madad, comandante do Batalhão de Reconhecimento do Deserto do Exército de Israel. No dia em que o Hamas invadiu o território israelense, dando início à guerra, o coronel Madad ouviu o estrondo dos milhares de foguetes vindo da Faixa de Gaza. Em trajes civis, ele pegou seu carro e dirigiu-se para o sul armado apenas de sua pistola. Ao chegar a Re’im, onde terroristas mataram centenas de jovens que participavam de um festival de música, viu um soldado muito ferido e foi resgatá-lo, quando um terrorista atirou nele. Ainda assim, ele conseguiu se evadir e o matou. Então, pegou o fuzil de um soldado e, no caminho, matou cinco terroristas em motocicletas.

Em seguida, Madad pegou um carro de polícia com um policial e seguiram para o sul. Os terroristas perfuraram o carro com dezenas de projetis, ferindo os dois nas pernas. Ao perceber que seria morto se continuasse no carro, o coronel saltou e rolou para uma vala ao lado da estrada. Mesmo ferido e perdendo muito sangue após ter feito um torniquete na perna, ele ainda conseguiu matar cerca de vinte terroristas. Depois disso, suas forças se esvaíram e permaneceu cerca de duas horas e meia no local até que membros das Forças de Defesa de Israel chegassem. E aqui jaz o ponto crítico de sua provação.

Como estava em trajes civis e segurava uma arma, foi considerado como mais um das centenas de terroristas que invadiram o país. Embora quisesse gritar para os soldados que era israelense e também soldado como eles, sua voz não encontrava forças para sair. No entanto, quando estava prestes a ser morto, um dos soldados avistou de longe a tzitzit em sua roupa civil e gritou: “Não atirem; ele está vestindo tzitzit!”. Isso o poupou da morte iminente. Então, os soldados o evacuaram imediatamente para um hospital onde foi operado e salvo.[2]

Tzitzit é o nome das franjas que representam os mandamentos da Torá, são usadas por baixo da camisa e ficam penduradas na altura da cintura. A ordenança para seu uso consta em Deuteronômio e é usada por grande parte de judeus ainda hoje, como foi pelo próprio Yeshua. Pode-se dizer que, naquela fatídica manhã, aquele homem se vestiu da Palavra de Deus e ela literalmente o salvou da morte. Uma salvação mais que profética!

O uso da tzitzit salvou a vida do coronel Madad (Imagem: Pinterest)

O segundo evento foi relatado pelo rabino Jeremy Gimpel, atualmente também servindo nas Forças de Defesa de Israel (FDI). Ele gravou um vídeo diretamente da região montanhosa de Zife, próximo a Belém, local onde Davi peregrinava quando se escondia de Saul e onde escreveu a maioria dos Salmos. Ele narra a história de um soldado que, há alguns dias, foi salvo literalmente pelo livro de Salmos (Tehilim) no campo de batalha de Gaza. Ele mostra a foto desse soldado equipado para o combate, segurando um livro de Salmos completamente perfurado por um projetil. O livro estava no bolso do peito quando ele foi atingido pelo tiro, tendo funcionado como um colete à prova de balas e salvado sua vida.

O rabino afirma que esse é um acontecimento significativo porque Davi era um guerreiro, mas também um compositor. Que assim como os soldados das FDI estão lutando por Israel, há pessoas ao redor do mundo “lutando por nós na guerra espiritual”. Ele pergunta: “O que parou aquela bala? Foi o livro físico de Salmos? Ou foram as orações de pessoas em todo o mundo que estão orando por sua proteção?”. E afirma que isso é apenas um sinal de que essas orações é o que tem protegido os soldados.  Ele também mostra seu fuzil e diz: “Estas armas não são o que irá ganhar a guerra”. E cita Zacarias 4:6: “Lo be’chail ve’lo be’koach ki im be’ruchi, amar HaShem — Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor”.[3]

Soldado atingido em Gaza mostra o livro de Salmos perfurado por um projetil. Ele o carregava na altura do peito e literalmente salvou sua vida (Imagem: captura de vídeo)

Esses dois milagres estão relacionados diretamente às Escrituras. Embora tzitzit e Tehilim sejam uma matéria palpável, seu verdadeiro poder é invisível e advém do Espírito Santo que inspira a Palavra do Senhor. É dela que emana a vida eterna e a proteção milagrosa que guardou esses soldados e muitos outros, não apenas na presente guerra, mas em outras eras, assim como guardou os Macabeus e operou o milagre de Hanukkah.

DAS TREVAS PARA A LUZ

Por último, finalizo com uma história ocorrida há uma semana que retrata exatamente o espírito de luta, perseverança e fé de Hanukkah. Quem a conta é a Presidente e CEO da Comunhão Internacional de Cristãos e Judeus, Yael Eckstein, em uma visita a um dos vilarejos mais afetados pelo Hamas, Kibutz Be’eri. No dia 7 de outubro, cerca de 70 terroristas invadiram o kibutz e ceifaram a vida de pelo menos 130 pessoas, incluindo mulheres, crianças e bebês, o que equivale a 10% da população da comunidade. Eles também levaram muitos reféns, entre mulheres e crianças, além de incendiarem dezenas de casas. Enquanto andava pela comunidade, Yael encontrou um homem escavando as cinzas de uma das casas.

Ao conversar brevemente com ele, soube que oito membros de sua família foram levados reféns no dia 7, que seu sogro fora assassinado e sua casa incendiada pelos terroristas. Sua sogra que voltara de Gaza, após 50 dias de cativeiro, pediu-lhe que voltasse ao kibutz para tentar resgatar alguns de seus pertences na casa, buscando aliviar sua dor e seus sentimentos que exigiam se apegar a algo do passado. Ele foi ao kibutz e procurou por horas algo entre os destroços que pudesse ter algum valor sentimental para ela, mas só encontrou cinzas.

Isso o entristeceu muito, pois não queria voltar de mãos vazias; desejava aliviar a dor de sua sogra que não sabia que sua casa fora incendiada, além de ter perdido o marido de forma brutal e seus netos também terem sido levados reféns. Durante horas, ele revirou os destroços, escavou as cinzas e orou. Até que um milagre aconteceu. Ele encontrou duas menorás muito estimadas da família, exatamente a uma semana de Hanukkah, e lágrimas correram-lhe dos olhos. Yael resume seu encontro com o homem desconhecido dizendo que “assim é a história do povo judeu; dentro das cinzas, encontramos vida. Em meio às trevas, buscamos a luz. E, assim como Deus foi com os Macabeus ao derrotarem os gregos, Ele está conosco hoje”.[4] Esse foi mais um moderno milagre de Hanukkah.

Após horas de busca, o homem anônimo encontra uma menorá da família nas ruínas de sua casa no Kibbutz Be’eri (Crédito da Foto: Chen Schimmel)

Esses milagres modernos, ocorridos em um tempo tão especial como a Festa das Luzes comprovam a natureza imutável de Deus. O mesmo milagre de Hanukkah do passado nos inspira para vivenciarmos outros milagres no presente, como os aqui relatados. Ainda que sua vida seja sufocada pelas trevas, Yeshua é a Luz do mundo, a Luz de Hanukkah e estará sempre iluminando nossos caminhos, fortalecendo-nos e protegendo-nos como fez com os Macabeus, e como ainda faz nos dias de hoje. Afinal, Yeshua é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hebreus 13:8).


[1] Fusion Global with Rabbi Jason Sobel

[2] How a religious garment saved this IDF soldier’s life | World Israel News

[3] A Miracle in Gaza! Your Psalms Saved His Life! – Jeremy Gimpel (youtube.com)

[4] Facebook


Leia também:

Hanukkah – A Festa das Luzes

Hanukkah – A Vitória da Luz contra as Trevas

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