A Festa de Purim e seu Real Significado
“E quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?” (Ester 4:14)
A Festa de Purim foi celebrada em todo o mundo na última sexta-feira (dia 26 de fevereiro de 2021 – 14 de Adar) e é comemorada hoje (dia 28 de fevereiro de 2021) em Jerusalém. A história que deu origem à festa é bem conhecida e está contada no livro de Ester, a rainha judia usada por Deus para livrar seu povo da aniquilação total. O nome vem de pur que quer dizer sorte, pois Hamã “lançou sortes” para determinar o dia de cumprir seu intento maligno de destruir o povo judeu.
A história se passa no século V a.C. e tudo começa com a necessidade de substituir a rainha do rei persa Assuero (também conhecido como Xerxes). Isso envolve um tipo de concurso de beleza da época, quando, dentre muitas outras, Ester é escolhida pelo rei para ser a nova rainha, sem porém revelar sua identidade judia.
Mordecai, primo de Ester e pai adotivo, era um judeu fiel à Torá e suas origens. Certo dia, ele descobre uma trama para matar o rei e a revela a Ester que, por sua vez, relata ao rei, o que se descobre ser verdadeiro. Os mentores da trama são mortos e isso é registrado no livro das crônicas, porém, nenhuma recompensa ou reconhecimento é prestado a Mordecai. Em vez dele, outro homem é honrado pelo rei, Hamã, erguido a uma posição de maior relevo na corte persa e, diante de quem, por ordem do rei, todos deveriam se curvar. Mordecai não se curvava por ser judeu, pois curvava-se apenas diante do Deus de Israel. Isso traz um furor a Hamã e gera em si um ódio tão grande que ele pretende exterminar não somente Mordecai, mas todos os judeus das 127 províncias do reinado persa, espalhadas entre a Índia e Etiópia. E consegue convencer o rei que lhe dá o aval para cumprir seu plano genocida.
Quando Mordecai descobre o que está sendo arquitetado por Hamã, rasga suas vestes e se cobre de pano de saco, um sinal de angústia e pesar. Em seguida, comunica isso à rainha Ester e insta com ela a rogar por seu povo ao rei, o que não era tão simples, uma vez que comparecer diante do rei sem ser convidado poderia render uma sentença de morte. Esse perigo faz Ester recuar, ao que Mordecai responde com as palavras sábias e inspiradoras que marcaram essa história. “Não imagines que, por estares no palácio, tu somente escaparás dentre todos os judeus. Pois se de todo te calares agora, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis. E quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?” (Ester 4:13-14). Despertada por essas palavras, Ester resolve comparecer diante do rei e interceder por seu povo, não sem antes pedir a Mordecai que reúna todos os judeus de Susã, a capital persa, para que jejuem por três dias em seu favor.
Finalmente, ela consegue ser recebida pelo rei, embora não convidada, e ainda o convece a comparecer a um jantar preparado para ele e Hamã no dia seguinte. Tal convite enche ainda mais o ego de Hamã que sai da presença do rei exultante, porém, logo se ira ao passar novamente diante de Mordecai que não se curva perante ele. Sua mulher, então, o instiga a construir uma forca para matar Mordecai no dia seguinte e assim aplacar seu ódio. E assim ele faz.
Nesse ínterim, o rei Assuero passa a noite com insônia e gasta suas horas acordado lendo as crônicas de seu reino, quando se depara com o registro da revelação da trama para matá-lo, feita por Mordecai. E verifica que nada foi feito para honrar tal ato que poupou sua vida. Pela manhã, Hamã comparece ao palácio para pedir ao rei a forca para Mordecai. Entretanto, para sua estupefação, ocorre que o próprio Hamã é humilhado ao ter de honrar o judeu Mordecai, conduzindo-o com vestes reais e no cavalo do próprio rei, em um cortejo pelas ruas de toda a cidade de Susã, por ordem do rei Assuero.
À noite, ao comparecer ao banquete de Ester, juntamente com Hamã, a rainha revela sua identidade judia e roga por si e por todo seu povo, ameaçado de morte por Hamã, o que desperta a fúria do rei. Hamã é condenado à morte imediatamente, enforcado na mesma forca que construíra para Mordecai, juntamente com seus filhos.
Desse modo, o decreto de morte contra o povo de Israel foi convertido em seu favor. Em vez de serem mortos, puderam se vingar de seus inimigos. O dia marcado para morte tornou-se no dia de celebração da vida, quando “se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa”. Mordecai ordenou a todos os judeus de todo o reino que banqueteassem e se alegrassem, enviando presentes uns aos outros e fizessem doações aos pobres (Ester 9:22). Por esse motivo, Purim é uma das festas mais alegres do calendário judaico e essas ordenanças expedidas por Mordecai são observadas até o dia de hoje, durante todo o período de Purim.
O simbolismo da Festa
A mensagem de Purim é, antes de tudo, uma mensagem de esperança. Instiga-nos a acreditar que, ainda que as circunstâncias nos sejam contrárias, Deus é poderoso para reverter qualquer mal. Ele é capaz de transformar maldição em bênção, de converter as trevas mais densas em luz.
Ester é um tipo da Noiva do Messias que comparece perante o Rei para interceder por toda uma nação, colocando sua própria cabeça em risco, não amando mais a si mesma que a seus próximos. Mordecai é um tipo de judeu piedoso que não se dobra diante de outros deuses e aguarda a manifestação do Messias para salvar todo Israel. Hamã é um tipo do inimigo de Deus, o espírito do anti-Cristo que se levanta para aniquilar seu povo.
Mordecai demonstra a lei da semeadura e nos leva a refletir sobre a necessidade de nunca desanimar em fazer o bem, pois, em seu devido tempo, colheremos (Gálatas 6:9). Ele poupou a vida do rei ao expor a trama para matá-lo não porque pensava que seria promovido ou honrado, mas porque era a coisa certa a ser feita. É movido por um espírito íntegro e reto que caminha lado a lado com sua devoção a Deus. Seu reconhecimento pelo rei não veio atrasado, mas no perfeito tempo para livrá-lo da morte por seu inimigo, trazendo junto a si uma sentença reversa de honra. Mordecai é uma inspiração para todo aquele que se acha injustiçado. Embora você possa não ter o reconhecimento que merece, fazer o bem incessantemente e sem interesse irá colocá-lo na fila da promoção de Deus que, no tempo oportuno, irá recompensá-lo.
Ester é bela e formosa e, como representante da Noiva do Messias, remete-nos às palavras de Paulo: uma Noiva sem mácula e sem rugas (Efésios 5:27), o que aponta para sua integridade e pureza. Em vez de se orgulhar de sua beleza, Ester exuberava um espírito humilde, porém corajoso, e intercessor, pronto para sofrer o dano se necessário fosse.
Outra lição de Purim é que a última palavra sempre pertence a Deus, não importa quão grandes trevas nos cerquem. Não importa quão terrível seja a situação, ou quão desalentador seja um diagnóstico médico, ou quão caótica seja uma situação familiar. Deus é capaz de reverter qualquer que seja a circunstância em nosso favor, de elevar-nos de uma queda a grandes alturas, de mudar nosso lamento em dança, nosso luto em júbilo, nossa tristeza em alegria. A última palavra não pertence ao inimigo, mas a Deus somente. Ele é o Amém em nossas vidas (Apocalipse 3:14).
Uma das passagens que melhor resumem a história de Purim está em Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Podemos não compreender as muitas dificuldades e reveses a que somos submetidos ao longo da jornada, mas podemos estar certos de que tudo cooperará, de algum modo, para nosso bem e nos conduzirá ao cumprimento do propósito divino.
A história de Purim também é profética e se repetirá no fim da presente era, quando for inaugurada a era messiânica. Todas as sentenças de destruição do inimigo contra o povo de Deus serão revertidas contra ele. A vingança pertence ao Senhor e Ele nos fará triunfar sobre todo o mal.
O livro de Ester é uma história tão empolgante que parece mais um roteiro de cinema. Inclui um concurso de beleza, uma trama de assassinato contra o rei, um homem maligno com sede de poder e que arquiteta um plano genocida para exterminar todos os judeus do império, e dois personagens heroicos que nos transmitem lições impactantes para uma vida de fé e coragem. Ester é um livro em que o nome de Deus não aparece, assim como nenhuma referência a Ele. No entanto, sua presença é mais do que perceptível na narrativa e sua atuação é demonstrada nos bastidores, como um artista que conduz uma peça teatral com marionetes que, embora não possa ser visto pelo público, controla todos os movimentos em todos os atos, do início ao fim da trama.
Purim nos faz lembrar ainda hoje que o espírito de Hamã prossegue buscando oprimir e aniquilar o povo eleito. No entanto, também nos mostra a bela face de Ester, a Noiva do Rei, pronta a entrar em sua presença com ousadia a fim de interceder poderosamente por Israel, a Oliveira em que foi enxertada, e por sua salvação. Não com um coração altivo, mas com um espírito manso e humilde, com jejum e com fé, capaz de ganhar o favor do Rei para que Ele possa operar mais um livramento, na hora mais escura dos tempos do fim. Que possamos ser essa Noiva como Ester, pois, para um tempo como este, chegamos ao Reino de Deus, a fim de que se cumpra em nós seus santos propósitos.
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Como dito acima, Purim é um tempo de muita alegria. É comum o uso de máscaras e fantasias tanto nas ruas de Israel quanto nas casas, onde as pessoas se reúnem para se divertir, dar presentes umas às outras, e participar de fartas refeições em família e com amigos. É o cumprimento da ordenança de Ester 9:22, quando se celebra o grande livramento de Deus aos judeus há 2.500 anos. Neste ano de 2021, não se verá tantas pessoas pelas ruas de Jerusalém, uma vez que a cidade está debaixo de neve, embora linda como nunca.
Segue uma foto de Jerusalém na neve tirada na semana passada:
Segue abaixo um vídeo de um grupo bem conhecido em Israel (The Fountainheads) que retrata de forma bem humorada e alegre a história de Purim. Embora sem legendas em português, vale a pena assistir.
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Essa história é linda e de muito exemplo para todos nós cristãos que deveríamos ser obedientes e obedecer as escrituras! Deus vos abençoe!
Olá, Geane,
É realmente uma bela história de fé e confiança em Deus que controla todos os acontecimentos.
Obrigado e shalom!
É realmente uma história fascinante, é linda e muito forte, nos traz um prazer de viver a palavra de Deus confiando que o mesmo Deus de Ester e Mordecai é o mesmo que hoje temos prazer em servir e fazer a sua vontade, é maravilhoso.
Certamente, Marlene. Shalom!