Jerusalém – o Cálice de Atordoamento

Jerusalém – o Cálice de Atordoamento

24 de Janeiro, 2025 2 Por Getúlio Cidade

Um dos sinais do fim dos tempos mais claros nas Escrituras diz respeito ao cerco de Israel e de Jerusalém por seus inimigos. Embora não seja uma ocorrência moderna, uma vez que Israel sempre esteve cercado de inimigos ao longo de sua história, é algo que apenas aumentará e se intensificará com a proximidade da vinda do Messias. Neste artigo, falarei sobre esse cerco a Israel e a Jerusalém, o cálice de atordoamento mencionado na profecia de Zacarias, e seu significado no fim dos dias.

Essa hostilidade tem origem espiritual e já falamos sobre ela em outros artigos, explicando, por exemplo, a relação entre o Hamas e o espírito de Amaleque. A mesma relação pode ser vista no principado da Pérsia e sua oposição ao povo judeu — revelada no livro de Daniel — com o regime iraniano atual que promete “riscar Israel do mapa”. O antissemitismo crescente pelo mundo não é nada novo e sua origem nunca poderá ser compreendida mediante um exame histórico ou antropológico. É uma questão espiritual e, assim sendo, envolve uma batalha invisível, a mesma a que se referiu o mensageiro Gabriel em sua aparição a Daniel.

O ódio a Israel se soma a vários sinais dos quais somos alertados pelas Escrituras que precisam se cumprir para que o Messias se manifeste, incluindo a aparição do antimessias e seu governo ditatorial sobre as nações, limitado ao período conhecido por Grande Tribulação. O antissemitismo latente no mundo tem o propósito de preparar as nações para a perseguição implacável encabeçada pelo iníquo contra Israel, o que ocorrerá inevitavelmente após a quebra da falsa aliança de paz.

CERCO INTERMINÁVEL

O cerco ao povo judeu e a seu território se deu em vários episódios da história como, por exemplo, no cerco dos assírios a Judá e sua capital, Jerusalém, que resultou no exílio babilônico (século VI a.C.); e no grande cerco romano do século I d.C. que culminou com a destruição do segundo Templo e com a grande diáspora que durou até o século XX, dispersando o povo judeu literalmente por todas as nações da Terra.

Ilustração da destruição do Segundo Templo por Roma, em 70 d.C. (Pinterest)

Durante esse tempo, o cerco não foi ao território, pois os judeus estavam dispersos, mas às comunidades judaicas espalhadas pelo mundo. Inúmeros foram os ataques de ordem física e moral, destacando-se episódios de segregação e extermínio como as Cruzadas, nos séculos XI-XIII; os pogroms russos, nos séculos XIX e XX; “A Noite dos Cristais”, as leis de Nuremberg e os guetos, na década de 1930 da Alemanha nazista; e o hediondo Holocausto, durante a Segunda Guerra.

Após o renascimento do Estado novo de Israel, em 1948, seu território foi cercado e atacado diversas vezes por seus inimigos na região, ocasionando várias guerras como a Guerra de Independência (1948-49), a Guerra dos Seis Dias (1967), a Guerra do Yom Kippur (1973) e as duas guerras do Líbano, entre outros conflitos. Em todas, o ataque partiu de povos inimigos a Israel que não aceitam sua existência como nação e insistem em sua aniquilação. Em cada um desses conflitos, as Forças de Defesa de Israel (FDI), fazendo jus ao nome, lograram êxito em defender a nação de seus agressores.

A CIDADE MAIS DISPUTADA

Durante milênios, Jerusalém tem sido a cidade mais disputada pelos mais diversos povos. Antes mesmo de se tornar a capital do reino de Israel, cerca de mil anos a.C., foi tomada à espada pelo rei Davi, quando ainda se chamava Jebus. Ele guerreou contra os jebuseus e tomou a fortaleza de Sião, fundando a Cidade de Davi. Em Jerusalém, ele estabeleceu o centro monárquico e religioso da nação, onde, mais tarde, Salomão edificou o Templo ao Senhor.

Ao longo da História, outros cercos foram feitos contra Jerusalém que terminaram com a queda da cidade e duas diásporas, como já mencionado. Mesmo durante a segunda e mais longa diáspora, a cidade permaneceu como alvo de disputas, principalmente durante as Cruzadas na Idade Média. Após a criação do Estado novo de Israel, Jerusalém continuou a ser uma cidade dividida e, apenas na Guerra dos Seis Dias, em 1967, ela voltou em sua íntegra para o controle do povo judeu.

Soldados israelenses reunidos no Muro Ocidental, no dia 7 de junho de 1967, após a tomada da parte oriental de Jerusalém na Guerra dos Seis Dias. O rabino-chefe das FDI, Shlomo Goren, toca o shofar no local após 19 séculos de exílio (Pinterest)

Nenhuma outra cidade foi tantas vezes cercada e tomada por exércitos dominantes de diversas épocas, ao longo de milênios, tendo sido conquistada por babilônios, persas, gregos, selêucidas, romanos, bizantinos, muçulmanos, cruzados, mamelucos, otomanos e britânicos. Uma vez invadida, séculos mais tarde, era cercada e tomada por outras forças em um ciclo contínuo de ascensão e queda. Suas muralhas, construídas e destruídas ao longo de sua história, são testemunhas desse estado de guerra permanente.

Ainda que atualmente seja considerada a capital indivisível do Estado de Israel, o fato é que Jerusalém permanece uma cidade cobiçada e qualquer conversação sobre acordos de paz, seja com árabes-palestinos, seja com qualquer outro ator estatal envolvido, passa necessariamente pela questão política e religiosa de Jerusalém.

UM CERCO INÉDITO

A respeito do último sítio contra Jerusalém, a Cidade do Grande Rei, conforme o Salmo 48 que foi citado por Yeshua em Mateus 5:35, Zacarias escreveu uma profecia precisa. “Eis que eu farei de Jerusalém um cálice de atordoamento para todos os povos vizinhos e também para Judá, durante o sítio contra Jerusalém. Naquele dia, farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos. Todos os que tentarem erguê-la ficarão gravemente feridos. E todas as nações da terra se ajuntarão contra ela” (Zacarias 12:2-3 – NAA).

O sítio mencionado por Zacarias, entretanto, é distinto de todos os demais ocorridos ao longo da existência de Jerusalém. Trata-se de um cerco que nunca houve, pois a cidade permanecerá ilesa e não cairá ao golpe da espada de seus agressores, como ocorreu em cercos passados. Ao contrário, os povos, exércitos e nações que se levantarem contra ela serão feridos. A expressão “naquele dia” (ba’iom hahu), muito usada por Zacarias em seu livro, é uma referência ao juízo divino nos tempos do fim (acharit hayamim). É o acerto de contas do Todo-Poderoso contra um mundo rebelde e hostil a seus mandamentos.

O cerco a Israel e a Jerusalém, como já ocorre hoje nos campos acadêmico, político, religioso e psicossocial, passará a ser físico mediante o uso do poder militar dos “povos em redor”, assim como para Judá, a região bíblica da Judeia (hoje território da Cisjordânia). Nesse sentido, será um cerco inédito, pois o uso da força não será capaz de derrubar Jerusalém e tomá-la das mãos dos judeus.

A resistência da cidade não será compreensível do ponto de vista militar. Será algo sobrenatural, pois “naquele dia o Senhor amparará os habitantes de Jerusalém” (Zc. 12:8). A cidade será um cálice de atordoamento para seus agressores ao redor, uma bebida forte que embriaga o raciocínio lógico, gerando confusão e entorpecimento. Será uma pedra pesada para todos os povos que serão incapazes de levantá-la, mesmo com todo esforço conjunto para removê-la de seu lugar.

Imagem: Pinterest

O CÁLICE DA IRA

Embora tenha caído em mãos inimigas em sítios anteriores, “naquele dia” em que nações inimigas juntarem forças militares para invadir Jerusalém, o cerco fracassará. O cálice atordoante — a própria Jerusalém — que deixará as nações trôpegas está na mão do Senhor e seu vinho ferve com sua ira para ser bebido por todos os ímpios (Salmo 75:8).

Ao se levantarem contra Jerusalém, se levantarão contra Deus e beberão do cálice de sua ira, conforme também profetizou Obadias. “Porque o Dia do Senhor está prestes a vir sobre todas as nações (…) assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido. Mas, no monte Sião, haverá livramento” (v.15-17). Sobre a perseguição e o cerco da Cidade Santa, Zacarias finaliza, profetizando em nome do Senhor: “E acontecerá, naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém.” (Zc. 12:9).

O ENCONTRO COM O MESSIAS

O 7 de outubro apenas reforçou o cerco inimigo que já havia contra Israel. Não apenas isso, mas provavelmente demarcou o início do longo período de guerras e de rumores de guerra que antecede a Grande Tribulação. Na verdade, esses sinais sempre existiram, mas Yeshua advertiu que se tornariam mais intensos com a proximidade de sua volta. Logo, terremotos, pragas (epidemias e pandemias), fome e guerras serão realidades cada vez mais tangíveis e constituem apenas o princípio das dores de parto, à medida que o mundo se aproxima do início da era messiânica.

A hostilidade a Israel, em todos os sentidos, apenas aumentará. Há inúmeras profecias a respeito disso, de Gênesis a Apocalipse. O antissemitismo disparará entre todas as nações e isso conduzirá ao grande aperto pelo qual, uma vez mais, passará Israel diante do tormento e perseguição de seus inimigos.

Por outro lado, no cerco a Jerusalém, o último da presente era e que fará dela um cálice de atordoamento para as nações, haverá a intervenção do alto para protegê-la. Será exatamente esse cerco e esse aperto que, sob angústia extrema, trará sobre seus habitantes o quebrantamento do espírito de graça e de súplicas, conforme profetizou Zacarias no verso 10 do mesmo capítulo, o que preparará o remanescente daqueles dias para o encontro com seu Messias e a inauguração da era messiânica a partir da Cidade Santa.

“E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados.” (Romanos 11:26-27).

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